quinta-feira, 10 de dezembro de 2009
O que é ?
Malformação congênita: "todo defeito na constituição de algum órgão ou conjunto de órgãos que determine uma anomalia morfológica estrutural presente no nascimento devido à causa genética ambiental ou mista" (OPAS, 1984)
Teratogenia: é o estudo embriológico dessas malformações.
Tipo de teratogênios
Altos níveis de radiação ionizante podem lesar células do embrião. Entretanto, as ondas de ultra-som não produzem efeitos biológicos deletérios nos pacientes e seus fetos.
Como as drogas atravessam a placenta
O modo como uma droga afeta o feto depende do estágio de desenvolvimento deste e da potência e da dose da droga. Certas substâncias utilizadas no início da gestação (antes do 17º dia após a fertilização) podem atuar baseadas na lei do tudo ou nada, seja matando o feto ou não o afetando em absoluto. Durante esse estágio, o feto é altamente resistente aos defeitos congênitos.
Contudo, ele é particularmente vulnerável a esses defeitos entre o 17º e 57º dia após a fertilização, quando seus órgãos estão se desenvolvendo. As drogas que atingem o feto durante esse estágio podem causar aborto espontâneo, um defeito congênito evidente ou um defeito permanente mas sutil (o qual é percebido mais tarde) ou podem não causar qualquer efeito perceptível.
É improvável que as drogas utilizadas após o término do desenvolvimento dos órgãos causem defeitos congênitos evidentes, mas elas podem alterar o crescimento e a função de órgãos e tecidos formados normalmente.
Aspirina na gravidez:
Há também pesquisas que indicam que pode ser benéfico para algumas mulheres que correm mais risco de sofrer depré-eclâmpsia (incluindo as que têm pressão alta crônica, diabete severa, doenças renais ou que já tiveram pré-eclâmpsia em outras gestações) tomar baixas doses de aspirina, embora não haja consenso sobre quem realmente deva ser tratada dessa forma.
Assim sendo, a menos que sob orientação do seu médico, evite tomar aspirinas e outros medicamentos antiinflamatórios não-esteróides, como o ibuprofeno (que tem efeitos semelhantes). O analgésico e antitérmico mais seguro para se tomar durante a gravidez é o paracetamol, seguindo sempre a dose recomendada por seu obstetra.
Drogas sociais e drogas ilícitas
O tabagismo durante a gravidez pode ser prejudicial. Ao nascimento, o peso médio dos filhos de mães que fizeram uso do tabaco durante a gravidez é aproximadamente 170 gramas inferior aos filhos de mulheres não tabagistas. Os abortos espontâneos, a ocorrência de conceptos natimortos, os nascimentos prematuros e a síndrome da morte súbita do lactente são mais comuns entre os conceptos de mulheres que fazem uso do tabaco durante a gestação.
O consumo de álcool durante a gravidez pode causar defeitos congênitos. Os filhos de mulheres que consomem quantidades excessivas de álcool durante a gravidez podem apresentar a síndrome do alcoolismo fetal. Eles são pequenos, freqüentemente com microcefalia (cabeça pequena), anomalias faciais e deficiência mental limítrofe. Menos comumente, eles apresentam anomalias articulares e defeitos cardíacos.
Eles não desenvolvem normalmente e apresentam maior probabilidade de morrer logo após o nascimento. Como a quantidade de álcool necessária para causar esta síndrome é desconhecida, as mulheres grávidas são aconselhadas a se abster do consumo de álcool.
Existem controvérsias em relação à cafeína prejudicar o feto. Vários estudos sugerem que o consumo de mais de 7 ou 8 xícaras de café por dia pode aumentar o risco de ocorrência de conceptos natimorto, prematuros, com baixo peso ao nascimento ou de abortos espontâneos. No entanto, esses estudos foram comprometidos pelo fato de muitas das mulheres que consumiam café também eram tabagistas.
Um estudo subseqüente, o qual levou o tabagismo em consideração, concluiu que os problemas eram causados pelo tabaco e não pela cafeína. Não está claro se o consumo excessivo de café durante a gravidez afeta o recém-nascido. O uso do aspartame, um adoçante artificial, durante a gravidez parece seguro quando ele é consumido como adoçante dietético na quantidade recomendada.
O uso de cocaína durante a gestação aumenta o risco de aborto espontâneo; o descolamento precoce da placenta (abruptio placentae); defeitos congênitos do cérebro, dos rins e dos órgãos genitais; e os recém-nascidos podem apresentar um comportamento menos interativo. Não existem evidências conclusivas de que a marijuana (maconha) causa defeitos congênitos ou interfere no crescimento e no desenvolvimento do feto. Contudo, estudos sugerem que o consumo exagerado de marijuana durante a gestação pode acarretar um comportamento anormal nos recém-nascidos.
quarta-feira, 9 de dezembro de 2009
Mais algumas drogas
Tratamentos da pele
A isotretinoína, utilizada para tratar a acne grave, a psoríase e outros distúrbios cutâneos, causa defeitos congênitos graves. Entre os mais importantes encontram-se os defeitos cardíacos, orelhas pequenas e a hidrocefalia (acúmulo de líquido no cérebro). O risco de defeitos congênitos é de aproximadamente 25%. O etretinato, uma outra droga utilizada no tratamento de distúrbios cutâneos, também causa defeitos congênitos no ser humano.
Como esta droga é armazenada na gordura subcutânea (localizada abaixo da pele) e é liberada lentamente, ela pode causar defeitos congênitos durante 6 meses ou mais após a mulher suspender o seu uso. Por essa razão, as mulheres que fazem uso desta droga são aconselhadas a aguardar pelo menos 1 anos antes de engravidar.
Meclizina
A meclizina, freqüentemente utilizada para combater o enjôo de viagem, a náusea e o vômito, causa defeitos congênitos em animais, mas esses mesmos efeitos não foram observados no ser humano.
Vacinas
Exceto em circunstâncias especiais, as vacinas produzidas a partir de vírus vivo não são administradas a mulheres que estão ou podem estar grávidas. A vacina contra a rubéola (uma vacina de vírus vivo) pode causar infecção tanto na placenta como no feto em desenvolvimento. As vacinas de vírus vivo (p.ex., sarampo, caxumba, pólio, varicela e febre amarela) e outras vacinas (p.ex., cólera, hepatites A e B, gripe, peste bubônica, raiva, tétano, difteria e febre tifóide) são administradas à gestante apenas quando ela apresenta um risco significativo de contrair uma infecção por um desses microrganismos.
Hipoglocemiantes orais
Os hipoglicemiantes orais são administrados para reduzir a concentração de açúcar (glicose) no sangue de indivíduos diabéticos. No entanto, eles freqüentemente não conseguem controlar o diabetes em mulheres grávidas e podem acarretar hipoglicemia (concentração baixa de açúcar no sangue) no recém-nascido. Por essa razão, a insulina é preferida para tratar o diabetes da mulher grávida.
Drogas Utilizadas Durante o Trabalho de Parto
Os anestésicos locais, os narcóticos e outros analgésicos geralmente atravessam a placenta e podem afetar o recém-nascido (p.ex., enfraquecendo o seu impulso para respirar). Por essa razão, quando é necessária a utilização de drogas durante o trabalho de parto, elas são administradas em doses mínimas efetivas e preferivelmente o mais tarde possível, o que diminui a probabilidade delas atingirem o feto antes do nascimento.
Chás que causam o aborto
A listagem está organizada da seguinte forma:
Nome botânico; Nome comum; Restrição (situações em que não se deve usar); Motivo (efeitos)
1. Aloe vera; Babosa; não usar na Gestação; provoca Hemorragia e aborto…
2. Anemopaegma sp; Catuaba; não usar na Gestação; provoca Aborto…
3. Angelica archangelic; Angelica europeia; não usar na Gestação; provoca Hemorragia e aborto…
4. Aristolochia sp; Jarrinha; não usar na Gestação; provoca Contracções e aborto…
5. Arnica montana; Arnica; não usar na Gestação e Amamentação; provoca Hemorragia e aborto, Vómitos e cólicas…
6. Artemisia absinthium; Losna; não usar na Gestação e Amamentação; provoca Contracções e aborto, Cólicas e convulsões…
7. Cassia sennae; Sene; não usar na Gestação e Amamentação; provoca Contracções e aborto, Diarreia no lactente…
8. Cassia tora; Mata pasto; não usar na Gestação; provoca Contracções e aborto…
9. Chenopodium ambrosioides; Erva de Stª Maria; não usar na Gestação e Amamentação; provoca Contracções e aborto, Vómitos e torpor…
10. Cinnamomum cassia; Canela; não usar na Gestação; provoca PIG…
11. Coix lacrima-jobi; Lágrimas de N. Senhora; não usar na Gestação e Amamentação; provoca Contracções…
12. Commiphora myrrha; Mirra; não usar na Gestação; provoca Hemorragia e aborto…
13. Copaifera sp; Copaíba; não usar na Gestação e Amamentação; provoca Teratogenia (Teratogenicidade) (?), Cólicas e diarreia…
14. Datura estramonium; Trombeta; não usar na Gestação; provoca Aborto…
15. Dianthus superbus; Cravo dos jardins; não usar na Gestação; provoca Aborto…
16. Elephantopus scaber; Erva grossa; não usar na Gestação; provoca Contracções e aborto…
17. Euphorbia pilulífera; Erva andorinha; não usar na Gestação; provoca Contracções e aborto…
18. Hedera helix; Hera; não usar na Gestação e Amamentação; provoca Contracções e aborto, Febre e convulsões…
19. Leonurus sibiricus; Erva macaé; não usar na Gestação; provoca Contracções e aborto…
20. Melia azedarach; Azedaraque; não usar na Gestação e Amamentação; provoca PIG e aborto, Vómitos e diarreia…
21. Mentha piperita; Hortelã; não usar na Gestação; provoca Teratogenia (Teratogenicidade)…
22. Mikania glomerata; Guaco; não usar na Gestação; provoca Hemorragia…
23. Myristica fragans; Noz moscada; não usar na Gestação; provoca Aborto…
24. Paeonia sp; Peónia; não usar na Gestação; provoca Teratogenia (Teratogenicidade)…
25. Phyllantus niruri; Quebra pebra; não usar na Gestação e Amamentação; provoca Aborto, Cólicas e diarreia…
26. Pilocarpus jaborandi; Jaborandi; não usar na Gestação; provoca Contracções e aborto…
27. Plantago major; Transagem; não usar na Gestação; provoca Contracções…
28. Polygonum acre; Erva de bicho; não usar na Gestação; provoca Hemorragia e aborto…
29. Portulaca oleracea; Beldroega; não usar na Gestação; provoca Contracções e aborto…
30. Prunus persica; Pessegueiro; não usar na Gestação; provoca PIG e aborto….
31. Punica granatum; Romã; não usar na Gestação; provoca Contracções e aborto…
32. Ramnus purshiana; Cáscara sagrada; não usar na Gestação e Amamentação; provoca Contracções e aborto, Cólicas e diarreia…
33. Rheum palmatum; Ruibarbo; não usar na Gestação e Amamentação; provoca Contracções e aborto, Diarreia no lactente...
34. Smilax sp; Salsaparrilha; não usar na Gestação; provoca Aborto…
35. Solanum paniculatum; Jurubeba; não usar na Gestação; provoca Aborto…
36. Tabebuia sp; Ipê; não usar na Gestação; provoca Teratogenia (Teratogenicidade)…
37. Zanthoxilum sp; Tinguaciba; não usar na Gestação; provoca Hemorragia e aborto…
Ação ambiental
Uma fração significativa das crianças com defeitos congênitos tem etiologia ambiental. Desta forma, é muito importante que se tenha conhecimento destas causas não herdadas de defeitos congênitos bem como suas potenciais interações com os fatores genéticos e suas implicações para a saúde humana, crescimento e desenvolvimento.
Como teratologia entende-se o ramo da ciência médica preocupado ao estudo da contribuição ambiental ao desenvolvimento pré-natal alterado (Smithells, 1980). Um agente teratogênico é definido como qualquer substância, organismo, agente físico ou estado de deficiência que, estando presente durante a vida embrionária ou fetal, produz uma alteração na estrutura ou função da descendência (Dicke, 1989).
Os teratógenos agem através de um número relativamente limitado de mecanismos patogênicos, produzindo morte celular, alterações no crescimento dos tecidos (hiperplasia, hipoplasia ou crescimento assincrônico), interferência na diferenciação celular ou em outros processos morfogenéticos. Estes mecanismos afetam eventos básicos do organismo em desenvolvimento e geralmente suas conseqüências atingirão mais de um tecido ou órgão. Assim, as manifestações da ação de um agente teratogênico na espécie humana podem ser agrupadas em classes principais: morte do concepto ou infertilidade; malformações; retardo de crescimento intra-uterino e; deficiências funcionais, incluindo-se aqui o retardo mental. Estes danos podem tanto ter uma causa genética como ambiental e, muitas vezes, uma combinação destas duas (etiologia multifatorial). Estima-se que cerca de 20% de todas as gestações reconhecidas terminem em aborto e que de 3% de todos os recém-nascidos vivos apresentem algum defeito congênito (Kalter & Warkany, 1983). Nas perdas gestacionais estima-se uma contribuição de causas cromossômicas em mais de 50% dos abortos espontâneos. Com relação aos defeitos congênitos causas genéticas parecem ser responsáveis por 15-20% destes, fatores ambientais são reconhecidamente responsáveis por 7%, 20% são de etiologia multifatorial em mais de 50% dos casos a causa permanece desconhecida (Kalter & Warkany, 1983).
Os agentes teratogênicos variam segundo o estágio de desenvolvimento do concepto no momento da exposição. Se esta ocorre nas duas primeiras semanas após a concepção, produz-se um efeito muito rápido, ou seja, pode haver letalidade do embrião ou nenhuma anomalia; o período de organogênese entre a terceira e oitava semana é o mais crítico com relação às malformações; após isto, os efeitos se produzem principalmente em sistema nervoso central (que continua se diferenciando), como também sobre o crescimento fetal. As manifestações do desenvolvimento anormal aumentam à medida que se incrementa a dose do agente, variando desde nenhum efeito, passando pelos danos funcionais e malformações até a morte do concepto;
A heterogeneidade genética, tanto da mãe como do feto, pode conferir maior susceptibilidade ou resistência à manifestação de um determinado agente. Os defeitos de fechamento de tubo neural (espinha bífida) são um bom exemplo de defeitos nos quais a susceptibilidade genética desempenha importante fator.
Agentes físicos da teratogenicidade
Teratógenos químicos
Apesar do conhecimento da teratogenicidade de diversas substâncias químicas em animais e até a associação destas com defeitos congênitos em humanos, são relativamente poucas as situações em que o efeito teratogênico foi devidamente comprovado na nossa espécie. A seguir estão listados os principais teratógenos químicos em humanos.
Misoprostol
O misoprostol, comercializado com o nome Cytotec, é utilizado na prevenção e tratamento de úlceras por inibir a secreção gástrica. Seu uso com esse propósito não tem sido recomendado durante os períodos iniciais da gestação, pois pode ocasionar contrações uterinas e com risco para o embrião/feto. No entanto, o uso deste medicamento na tentativa de provocar o aborto, fundamentalmente nos primeiros meses de gestação, é bastante difundido no nosso país. Seu uso por via vaginal tem-se demonstrado efetivo na indução do abortamento precoce após a morte fetal.
O uso do misoprostol como abortivo sem acompanhamento médico pode levar a uma gestação que não se perde, ocasionando uma ansiedade adicional na mãe pelo possível risco para o embrião/ feto.
O aborto causado por Cytotec pode ser incompleto, o que poderá resultar em sangramento perigoso, hospitalização, cirurgia, infertilidade ou morte materna ou fetal. Têm sido relatados os seguintes efeitos adversos gastrintestinais (diarréia e dor abdominal) e ginecológicos (sangramentos, distúrbios menstruais, hipermenorréia e dismenorréia). Efeitos adversos adicionais mais freqüentemente descritos incluem: naúsea, dor de cabeça, flatulência, dispepsia, vômitos e constipação.
Estudos prévios (diversos realizados pela equipe do SIAT) já identificaram este fármaco como um teratógeno responsável por malformações no embrião exposto, como defeito de redução de membros, lesões variadas do sistema nervoso central e/ou seqüência de Moebius. Entretanto o risco absoluto para o feto, após uma exposição, ainda não está definido e aparentemente é inferior a 10%.
O Cytotec não deve ser usado em mulheres grávidas. As mulheres devem ser orientadas no sentido de não engravidarem enquanto estiverem tomando este medicamento. Se acontecer de uma delas engravidar quando em uso de Cytotec, a administração deste produto deve ser imediatamente interrompida.